sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Violência na escola

A violência assusta alunos, pais, professores e toda a comunidade escolar. E o termo não se refere apenas à presença de armas (como revólveres, facas e canivetes) e brigas entre estudantes, mas também às pichações, que vez ou outra aparecem nos muros da escola, e ao tráfico de drogas que pode acontecer nas redondezas (ou até dentro!) do ambiente escolar.O assunto não é brincadeira, não: em 2007, o Sindicato de Especialistas em Educação do Magistério Oficial de São Paulo, a Udemo, fez uma pesquisa em 683 escolas estaduais do estado de São Paulo e constatou que 86% delas passaram por atos de violência. A situação é ainda mais grave em escolas da Região Metropolitana de São Paulo, das quais 97% (quase o total!) tiveram casos de violência. Além disso, especialistas do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV) acreditam que a violência escolar vem crescendo desde a década de 1980.Mas de onde vem esse problema, afinal? É importante lembrar que ele geralmente está relacionado a outros tipos de violência, e pode acontecer em qualquer escola. Às vezes, o aluno pode estar sendo vítima de agressões em casa ou na rua, e acaba levando isso para a escola. A infra-estrutura precária de algumas escolas (falta de quadra esportiva, salas sem ventilação, banheiros depredados, por exemplo) e a falta de diálogo entre professores, alunos, pais e diretores também contribuem para o processo.




Violência contra o patrimônio

Você sabia que violência não se pratica apenas contra pessoas ou animais? Pois é! Danos e roubos a prédios e aos objetos dentro dele (como móveis, computadores e outros aparelhos), ou até pichações em muros e paredes, constituem casos de violência contra o patrimônio.Na pesquisa que a Udemo realizou em 2007 com 683 escolas de São Paulo, mais da metade delas reclamaram de danos contra os prédios e os móveis, além de pichações. Não só isso, mas 46% (quase metade!) reclamou de portas e cadeados arrombados. Como se não bastasse, segundo outra pesquisa do ano 2000, 95 escolas de um total de 500 foram invadidas por estranhos que pretendiam roubá-las ou vender drogas lá dentro.Depois dessas pesquisas, a Udemo chegou a algumas conclusões. Por exemplo, os danos a mesas, cadeiras, portas e muros mostram um grande desrespeito ao patrimônio -- e os alunos precisam entender que o patrimônio é, na verdade, para todas as pessoas, porque é público. Justamente por isso, não deve sofrer depredações.Para o especialista Renato Alves, do NEV, é necessário implementar medidas de segurança ao redor da escola. Um carro de polícia rondando o local já ajuda a afastar agressores. Além disso, estudar em um ambiente depredado não é nada legal. -- O prédio danificado, com pichações, por exemplo, piora a noção de segurança que as pessoas têm naquele ambiente -- diz ele.



Violência contra pessoas

Sem dúvidas, os casos mais comuns de violência na escola acontecem contra pessoas, sejam professores ou alunos. Segundo a Udemo, 88% das escolas na Grande São Paulo registraram, em 2007, brigas entre alunos, às vezes até com ameaças de morte. De acordo com Renato Alves, do NEV, é importante saber a diferença entre indisciplina e violência. -- A indisciplina não é um grande perigo e acontece quando o aluno faz brincadeiras em sala, por exemplo. Violência, pelo contrário, são ameaças à vida, verdadeiras agressões -- ele explica. O problema é que muita gente confunde as duas coisas. Brigas entre alunos acabam passando por "normais", o que dificulta a escola a tomar decisões a respeito. É o caso do bullying. Esta palavra de origem inglesa significa algo como "intimidar", e constitui um fenômeno tão sério que até já rendeu reportagem de destaque aqui no Plenarinho! Muitas crianças vítimas dessas brincadeiras de mau gosto podem desenvolver depressão, medo e pânico. E não são só os alunos que sofrem com a violência não, plenamigo. Professores e funcionários também são vítimas de agressões e xingamentos. Segundo uma pesquisa divulgada pela Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla) e a Secretaria de Educação do Distrito Federal, que ouviu 1300 professores no Distrito Federal, 884 educadores se sentem cada vez mais desrespeitados pelos alunos. E olha que essa pesquisa foi feita apenas na capital do País, hein?! Alguns professores chegam a sofrer ameaças e agressões físicas.

O que fazer, então?

Ninguém gosta de trabalhar ou estudar em um ambiente violento, certo? Algumas medidas podem ser tomadas para diminuir os casos de agressão, e essas medidas podem partir de você, plenamigo. Por exemplo, não vale riscar as mesas e as cadeiras da escola. Outros alunos vão usar esses móveis depois. Também não vale estimular brigas entre alunos. Converse com seus pais e os diretores da escola quando você vir isso acontecendo. E lembre-se de respeitar os professores! Afinal, eles são grandes parceiros na sua educação e podem ajudar você a se formar e obter sucesso no futuro.Outras iniciativas, porém, precisam ser tomadas pela escola ou pelo governo. Caren Ruotti, também pesquisadora do NEV, faz sugestões. -- A escola não pode ignorar essa violência aparentemente leve, das brincadeiras de mau gosto, dos xingamentos, do clima de bagunça e desrespeito. Intervindo nesses casos, é possível evitar acontecimentos mais graves. A opinião dos especialistas do NEV é de que a escola não pode ensinar apenas a ler, a escrever, a fazer contas. -- A violência pode diminuir quando o projeto pedagógico da escola prestar atenção a isso e trabalhar na intervenção dos conflitos -- continua Caren.Renato Alves acrescenta que a escola precisa incentivar o diálogo. -- É importante trabalhar a escola como um espaço da palavra, do diálogo. Quando os problemas são resolvidos na conversa, não existe imposição de forças, nem violência. João Roberto Araújo, do Programa Paz nas Escolas, concorda. -- Estamos sempre valorizando os bens materiais, o dinheiro, o trabalho. Coisas muito importantes acabam ficando de fora, como a educação das emoções e do comportamento -- ele acredita. -- As famílias e as escolas precisam ensinar as crianças a lidar com suas raivas, suas angústias e seus ciúmes.

A Câmara dos Deputados contra a violência na escola

Preocupada com a situação, a Casa de todos os brasileiros tem tomado algumas medidas contra a violência nas escolas. Em 12 de maio, por exemplo, a Comissão de Educação e Cultura promoveu uma audiência pública para debater esse assunto. O encontro foi solicitado pelo deputado Jorginho Maluly, do PFL de São Paulo. -- A escola pode mudar o dia-a-dia das nossas crianças, e também esse cenário de violência que existe no nosso País -- disse ele.A deputada Maria do Rosário, do PT do Rio Grande do Sul e presidente da Comissão de Educação e Cultura, afirmou, durante a audiência, que é importante educar para a cultura, para os valores e para a solidariedade. Ela também acha que integrar a comunidade com a escola (com pequenos trabalhos voluntários dos alunos em seus bairros, por exemplo) pode ajudar a melhorar a situação. O Plenarinho está muito preocupado com a violência nas escolas e já publicou várias reportagens sobre o assunto. E você, plenamigo, já começou a fazer alguma coisa para melhorar a situação?





























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